Páginas

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Querido, Ernesto...


Querido Ernesto,

Fico feliz por ver que a criança que reside em ti diminuiu. Não ouso sequer  dizer que desapareceu, bem sei que não, querido Ernie; bem sei que nenhuma criança que resida num corpo de adulto, grande e complicado de mais para uma mente tão inocente e criativa como a de um pequeno ser,  deva desaparecer. Elas simplesmente não desaparecem, Ernesto, mas fico feliz por ti.

Fico feliz porque conseguiste superar as adversidades que te colocaram à frente. Sabes, sempre pensei que fosses como o vento e voasses na direcção que te dava mais jeito... ora para Norte, ora para Sul, ora estagnasses pois estavas cansado demais para fazer o que quer que fosse. Mas agora sei que não. Agora sei que és como as ondas do mar que nunca param e que mexem sempre, sempre... até embater contra a branca e suave areia que as aguardam numa qualquer praia. A tua praia é a vitória.

Reparei que enfrentaste certas tempestades, mas, oh Ernesto, por favor não ligues. Por favor continua a ser tu, o Ernestezinho que sempre conheci e idolatrei; e ainda agora com esses caracois desalinhados que tomaram o lugar do teu cabelo quase cortado à escovinha e penteado demais, e com essa barbicha de jovem galã por fazer, me apaixonas. Oh Ernesto, Ernesto...

Sabes que serei sempre tua. Sempre verdadeiramente tua para que um dia, quando te apetecer fazer crescer a criancinha, quase bebé, residente em ti, o possamos fazer juntos. E aí saltaremos num qualquer jardim, e quem sabe possamos reaver a inocência de quem nunca amou.

Por favor cuida de ti, Ernesto. Por favor, ultrapassa os obstáculos por mim e mantém-te forte  como o tal muro que separava o famigerado país, lá para os lados de leste... mas que sei eu? Nada. Apenas sei que te deves manter forte.

Da sempre tua,
Dulce.


em 29 de Abril de 2010

N/A: Este foi um dos primeiros textos que escrevi que integram a saga "Querido, Ernesto". Reli agora, gostei e postei :)

Sem comentários:

Enviar um comentário