|
Título: Equador
Autor: Miguel Sousa Tavares
Páginas / Ano: 528 / 2003
Descrição aqui
|
Este livro consumiu-me.
Epá. Mas que livro foi este???
Comecemos pelo inicio (e desde já peço desculpa porque acho que isto vai ser grandinho. Tenho muitos sentimentos, pessoal!!!!!). Nunca tinha tido vontade de ler o Equador nem sequer nutro qualquer simpatia pelo seu escritor, mas olhando um dia para a estante e pensado no que ler a minha mãe disse-me: "Lê este, vais gostar. É daqueles que lês devagarinho para não acabar tão rápido".
E verificou-se. Li estas 500 e tal páginas em pouco mais de uma semana,sempre que tinha um tempinho livre lá ia eu pegar nele. Delicioso!
O Equador é a história de Luís Bernardo Valença, nomeado governador de São Tomé e Príncipe que tem como missão fazer provar ao cônsul inglês que há de chegar à ilha que não existe escravatura. Isto revela-se uma tarefa difícil pois os conceitos de escravatura são diferentes dependendo das personagens do livro e...sejamos honestos, os donos das roças estão-se pouco borrifando para as tarefas diplomáticas. Querem é os seus euritos (escudos???). Eu gostei desta diferença de pontos de vista, a visão citadina e evoluída de Luís Bernardo face a uma visão mais mercantil e focada nos seus próprios interesses dos roceiros.
Na verdade, eu amei o Luís Bernardo, okay? É um homem integro, de honra que pronto, tem assim uma pancada pela mulheres erradas e que nunca, NUNCA, se devia ter deixado desapaixonar da Matilde porque, benzáDeus que esta mulher não o iria levar por AQUELE caminho.
Mas isto para dizer que o Luís Bernardo foi aquele factor que realmente me fez gostar do livro, eu adorei o seu personagem e como se esforçava para manter a paz e as suas ideias e sobretudo fazer algo de bom naquela ilha. Foi este personagem que me fez ler o livro bem rápido porque queria saber como tudo ia acabar.
Quando se apresenta o consul inglês, existe uma quebra no livro, na minha opinião. Não gostei muito da introdução do David e da Ann e ainda menos gostei de que apesar de estarem sempre a dizer que a Ann era muito inteligente e culta e isto e aquilo, em todas as suas aparições só se destacavam as mamas e os olhos. Okay, já percebemos: a senhora usa vestidos para mostrar o seu 85B e tem os olhos azuis cor de mar. E então, podemos ver porque é que ela é inteligente?
Ai e nem vou comentar as descrições sexuais, porque né?! Imaginem-se: são 7 e 20 da manhã, vocês estão à espera do metro e existe uma cena sexual com o seguinte conteúdo: "Esborracharam-se um contra o outro como dois animais em cio"....muito bom! Do esborrachar ao cio, é uma aventura. E esta foi só a primeira, porque cada vez que existia uma interacção sexual, os protagonistas eram comparados a animais com cio??? Ou animais??? Eh??? Detestei.
Apesar desta partes, eu
adorei o livro e recomendo a todos, mesmo. Acho que nos apresenta um lado da história de Portugal que nem sempre é comentado e apresenta-nos a escravatura vista do ponto de vista de quem manda e de quem quer fazer as coisas melhor. Isto não é um livro sobre escravos, é um livro sobre a vida de um homem.
E mesmo tendo eu adorado este livro, posso dizer que o final deixou muito a desejar (na minha opinião!) e que merecia melhor.
Bem, acho que para falar mais da Ann e do Luís e do David terei que entrar em spoilers, por isso, se querem ler este livro que apesar de todas as suas falhas vai ser a viagem da vossa vida VÃO, não leiam o que está abaixo... se por outro lado, querem já saber da paródia completa, venham comigo:
Antes, deixo-vos uma das minhas frases favoritas do livro:
"Não sei se sou eu que vencerei as ilhas, ou elas que me vencerão a mim.”
********SPOILERS********