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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Favoritos #1

(Citando José Saramago e amando cada palavra, aqui vos deixo a "Carta a Josefa, minha avó"... tão linda, linda, linda.)

"Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela rapariga do teu tempo — e eu acredito. Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de restolho e lenha, albufeiras de água.

Viste nascer o sol todos os dias. De todo o pão que amassaste se faria um banquete universal. Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los.
Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua casa, lume da tua lareira — sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.

Não sabes nada do mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com  isto viveste e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha. Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti, a palavra Vietname é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de raio. Da fome sabes alguma coisa: já viste uma bandeira negra içada na torre da igreja.(Contaste-mo tu, ou terei sonhado que o contavas?)

Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. O teu riso é como um foguete de cores. Como tu, não vi rir ninguém. Estou diante de ti, e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este mundo e não curaste de saber o que é o mundo. Chegas ao fim da vida, e o mundo ainda é, para ti, o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, uma coisa que não faz parte da tua herança: quinhentas palavras, um quintal a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha-vã e chão de barro.
Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrugada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos carregos — e continuo a não entender. Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Por que foi então que te roubaram o mundo? Quem to roubou? Mas disto talvez entenda eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesse escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender. Já não vale a pena. O mundo continuará sem ti — e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava. Não teremos, realmente? Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido. Fico com esta culpa de que me não acusas — e isso ainda é pior. Mas porquê, avó, por que te sentas tu na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes, com a tranquila serenidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: «O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer!»

É isto que eu não entendo — mas a culpa não é tua."

- José Saramago, in Deste Mundo e do Outro 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

É Natallll #2

E não, não venho para cá com pedinchices mas sendo que estou inundada de espirito natalicia (espirito este que já me impeliu para que começasse a minha maratona de Harry Potter), nada melhor que um top 10 de grandes hinos natalicios!

Toca a mexer esses bumbuns e a entoar a alto e bom som estas canções. Vá, nada de fingirem que não gostam destas coisas lamechas:

1. Jingle Bells Rocks, versão das Mean Girls

(como esquecer este filme clássico, com este quarteto clássico, e com aquela mãe meio aluada?)

2. Last Christmas dos Wham!


 LAST CHRISTMAS, I GAVE YOU MY HEART BUT THE VERY NEXT DAY YOU GAVE IT AWAYYYYYY *desafino com lágrimas à mistura*. Clássico.

3. All I want for Christmas, versão do filme Love Actually


Será que existe Natal sem este filme e sem esta música? Eu cá para mim isto já faz parte da tradição como o bacalhau e as azevias.

4. Do They Know It's Christmas Time At All, Band Aid.


Porque Natal também é isto.

5. So This is Christmas, John Lennon


John Lennon a fazer um 3 em 1: Bom Natal, Bom Ano, e bons momentos lamechas para todos vós também.

6. Have Yourself a Merry Little Christmas, versão Michael Bublé


Se o Michael Bublé não é o cantor oficial da época natalícia, então vocês estão todos errados e iludidos. (And Have yourself a merry little Bublé!)

7. Santa Claus is Coming to Town, versão Mariah Carrey


You better watch out, you better not cry.... ladadadada. Que feliz que me deixa esta músiquinha.

8. A Todos um Bom Natal, Coro de Stº Amaro de Oeiras


E quantos de nós não vimos a nossa infância ser inundada por esta música, todos os Natais, em todos os Natal dos Hospitais??
(E quantos de nós não cantarolavam "a todos um bom Natal-a-a-al")

9. Silent Night, versão Josh Groban


Epá, esta sempre foi daquelas de que nunca gostei. Paradinha, paradinha mas fica aqui na voz do Josh Groban que é um grande senhor.

10. Let it Snow, Frank Sinatra

Simplesmente clássico!

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Me thinks #1: "NUTS", Alice Clayton

Finalmente li este livro. Lembram-se de eu ter falado dele no tópico "Um livro que ainda não li de uma autora que adoro"??? Pois bem aqui está ele, lido e acabadinho e pousado em sua estante de volta.

E como reacção: AAAAAAAH. AH. AH. AH. SUGAR, SPICE AND EVERYTHING NICE.

(acho que certos gritos e frases cliché dão a entender melhor o que sinto, por vezes).

Então, eu no inicio não estava a gostar muiiiito da Roxie, uma mestre cozinheira dos famosos de Hollywood. Achava-a parvinha e muito egocêntrica mas admito que ao longo do livro me fui desfazendo deste azedume que tinha por ela e até comecei a nutrir um certo carinho.

Quanto ao Leo......bem. Acho que dizer que adorei esta personagem, é estar a dizer pouco. Acho que foi muito bem construída e todo o cliché que o livro é (ou poderia ser), deixa de ser assim tanto cliché por causa desta maravilhosa criação masculina de Alice Clayton. E podemos parar para babar um bocadinho sobre a forma como ele trata a filha? Aww, aww, aww.

(Shiuuu, seus anti sentimentalóides! Deixem-me curtir esta tótózice.)

Na verdade não consigo apontar nenhum ponto negativo neste livro. Gostei bastante ainda que a temática da comida (que por vezes se alonga e se aprofunda um bocadiiiinho) não me seja minimamente querida e por isso dei por mim a ler essas passagens na diagonal. Comparado com o Wallbanger, o livro que me fez fiel devota da Alice Clayton, este livro fica mesmo mesmo muito aquém do que poderia ser mas o humor que a Alice Clayton emprega sempre em qualquer obra, faz-me rir do inicio ao fim.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

É Natallllllll #1

É isso, certo? Já demos inicio ao Natal (mesmo nós, comuns mortais, que ainda não abriram os ramos da árvore e colocaram todos os berloques-e-mais-alguns lá pendurados), não é?

Ora então, declaro também aberta a lista de Natal, a lista das coisas-que-preciso-mesmo-mesmo, a lista das coisas-que-até-nem-preciso-mas-que-jeitinho-que-isto-dava, a lista das coisas-que-são-peças-de-roupa-até-bem-giras-mas-livrem-se-de-mas-darem e finalmente, a lista cujo primeiro item vos apresento hoje: coisas-giras-giras-das-quais-não-precisamos-e-que-utilizaremos-aproximadamente-uma-vez-(se tanto)-na-vida.

E portanto, o primeiro item dessa lista é este fantástico produto que aqui vos trago:
Tear com Missangas (Tiger) - 5€


Este tear cutxi cutxi está à venda na minha nova loja preferida de coisas cutxi cutxi, a Tiger. Ora, sendo eu uma DIY-deira do piorio, já vi mil e uma coisas que carecem de um tear para serem feitas (e eu juro a mim própria que só estão no fundo da lista porque não tenho tear) e por isso quero mesmo muiiiiiito este tear!

Aliás, sendo eu uma DIY-deira, já fiz até  o meu próprio tear com um pedaço de cartão mas fica muito mole e não dá para criar uma grande obra de arte. Por isso vá, amigos que precisam de prendinhas baratuchas (que afinal estamos todos em crise), corram à Tiger e agarrem este menino, sim?

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Para a L, por tudo e por nada,
Com muito amor e um abraço apertado.